Durante a
gestação da Lina, li e estudei tanto sobre assuntos relacionados a parto e
maternidade, que depois de um tempo me vi seguidora de diversos blogs e sites,
e ainda mais, me vi compartilhando em redes socias e conversando com amigos sobre
esses assuntos.
A
princípio achei que fosse uma consequência natural frente à tantas descobertas
estarrecedoras, e que logo passaria. Mas não passou.
Quase um
ano depois do nascimento da Lina, minhas leituras se direcionaram
principalmente à assuntos relacionados à educação da minha pequena, mas sempre
me pego ainda lendo os blogs sobre parto e maternidade e sigo compartilhando
tudo sobre parto humanizado na minha página pessoal do Facebook.
Percebi
mesmo que eu era uma ativista do parto humanizado, e de tudo o mais que se
refere à maternidade consciente, quando há alguns dias atrás eu fiquei sabendo,
pelo Facebook mesmo, que diversos colegas meus se tornaram pais. Eu os via
comemorando o nascimento, a saúde do bebê e da mamãe, e, deslumbrada olhando a
foto dos pequeninos, só conseguia pensar: “mas foi parto normal ou cesárea eletiva?”
Refleti
por muitos dias. Porque eu olhava pra fotos dos bebezinhos e só conseguia
pensar na forma como eles tinham nascido? Porque eu achava essa informação tão
importante? Será que só eu achava isso importante?
Enfim,
não sei as outras pessoas, mas eu acho extremamente importante a forma como
somos recebidos neste mundo. Leio muito sobre espiritismo e acredito em
reencarnação, o que faz com que eu me preocupe com o ritual de chegada de
nossas almas a este mundo terreno. Eu olhava os bebezinhos recém-nascidos e
imaginava suas almas chegando à Terra. Será que eles receberam os hormônios do
parto (ocitocina – o hormônio do amor)? Será que eles foram massageados pelas contrações da mamãe? Será que eles acordaram para este grande momento e sabiam
que iriam nascer ou simplesmente foram arrancados de seu sono aconchegante no
útero materno? E pior, será que eles estavam prontos e maduros para nascer?
Eu acho
tudo isso muito importante. Considero o nascimento, assim como a morte, uma
transição importantíssima de mundo espiritual ao mundo terreno e vice-versa.
Porque ficamos tão chocados ao saber de uma morte traumática, mas não nos
colocamos no lugar dos bebês para saber se eles tiveram um nascimento
traumático?
Bem diziam os Doutores Maximilian e Ric Jones: “os eventos do nascer e morrer são pontas que se tocam“. "A mesma lógica de carinho, afeto e amor que ele demonstra por aquele que se vai, nós precisamos oferecer àqueles que chegam, assim como para as mulheres que carregam a tarefa de trazer os viajantes cósmicos para a morada terrena."
Bem diziam os Doutores Maximilian e Ric Jones: “os eventos do nascer e morrer são pontas que se tocam“. "A mesma lógica de carinho, afeto e amor que ele demonstra por aquele que se vai, nós precisamos oferecer àqueles que chegam, assim como para as mulheres que carregam a tarefa de trazer os viajantes cósmicos para a morada terrena."
Nessa
mesma semana de reflexão, li em uma rede social um comentário de uma mãe que
fiquei chocada. Era mais uma daquelas discussões sem-fim, cheias de mimimi,
sobre parto normal x cesárea. A tal mãe dizia, com toda convicção, que “garantia
que sua filha, nascida de cesárea eletiva, não tinha sofrido nadinha durante o
parto”.
Pára
tudo!!! Como assim? Ela se colocou no lugar do bebê? A bebê dela contou pra ela
que o parto foi legal? Será que ela sabe algo sobre o benefício dos hormônios, das
contrações? Será que ela sabe o benefício de se não intervir no parto – um processo
natural? Não, ela não sabe.
Pois é.
Tenho pena desta bebê pela recepção dela na Terra. E é com essa preocupação que
eu olho todos os outros bebês que vejo nascendo por aí.
Não
duvido que esta mulher de quem falei acima será uma excelente mãe, que cuidará
muito bem da sua filha com muito amor para o resto da vida. Não é disto que
estou falando. Estou falando da nossa recepção na Terra. Da transição. De
acompanharmos o nosso nascimento acordados, sabendo que algo vai acontecer.
Estou falando de nosso primeiro suspiro, nosso primeiro olhar, nosso primeiro
toque na pele. Isso não é especial? Isso não deveria ser mais humano? Eu acho que todo nascimento é especial.
E apenas
para esclarecer, sou totalmente a favor de cesarianas, desde que bem indicadas.
Desde que o risco de vida da mãe-bebê seja maior do que o risco de se fazer uma
cesárea.
E mais,
entendo perfeitamente todas as mulheres que escolhem fazer uma cesárea por
terem medo do parto normal. Sei muito bem que o parto normal “tradicional” é
horroroso. É um desrespeito. É traumático. É triste saber que a tecnocracia hospitalar chegou á esse ponto, de assustar as futuras mamães, transformando algo tão belo em uma cena de terror. Mas pra deixar claro, o que defendo é o parto natural, humanizado,
respeitoso – muito raro por aí, mas ganhando força nos dias de hoje.
E não,
não acho que nós temos o direito de intervir nas vontades de Deus e da
natureza.
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